Pilar do Sul comemora nesta terça-feira o seu aniversário de 88 anos de emancipação política e administrativa, autonomia conquistada em
5 de novembro de 1936.
O município comemora dois aniversários. Além da emancipação, também é celebrado o aniversário de fundação da “Freguesia” (equivalente hoje a distrito) da
“Vila do Pilar”, ocorrido em
11 de maio 1877 - data importante e que consta no brasão do município.
A então vila do município de Sarapuí conquistou a sua
primeira emancipação política-administrativa
em 12 de maio de 1891. 43 anos depois, em 1934, com dificuldades para se desenvolver, Pilar perdeu a condição de município e passou a ser uma vila de Piedade. Dois anos depois, em 1936, reconquistou a sua autonomia, que agora completa 88 anos.
Leia abaixo, uma sequência cronológica da história pilarense, por Miguel Tavares:
CRONOLOGIA DA HISTÓRIA PILARENSE
Por Volta de 1690 a 1740, a organização religiosa a qual pertence à Igreja de São Bento de Sorocaba promovia o povoamento das terras próximas ao rio Pirapora e Sarapuí, hoje compreendendo áreas entre Pilar do Sul, Sarapuí e Salto de Pirapora. A Diocese distribuiu terras para incentivar o povoamento desta região, eram as chamadas
“sesmarias” ofertadas àqueles que quisessem cultivá-las, fixando assim as primeiras famílias entre século XVIII e início do Século XIX. Essas primeiras famílias se estabeleceram a partir do Rio Sarapuhy que hoje possivelmente compreende os bairros Turvinho, Ilha, Bom Retiro, Lajeado e Morro Grande.
Desde o início da fixação dessas famílias pelas redondezas, havia também a movimentação de tropeiros, de caçadores e mineradores que vinham em busca de carne de caça e de metais preciosos no sertão da Serra do Paranapiacaba, onde ainda, era também povoada por índios guaranis-mbya, que se espalhavam pela vasta serra.
A Origem do nome, segundo a lenda, vem dos caçadores e tropeiros que utilizavam o lugarejo apenas conhecido pelas pedras onde usavam para piloar a carne de caça e faziam a tradicional paçoca de carne. Além de utilizar pilares de pedras para curtir couro de animais que caçavam para sua própria alimentação. Motivo esse que começaram a chamar o lugar de Pilar. “Vamos no Pilar, caçar e fazer paçoca de carne.
Outro motivo que ajudou a justificar o nome do local “Pilar” foi devido à religiosidade dessas famílias mineiras. Que pela devoção a Nossa Senhora do Pilar, Santa Espanhola, reforçaram a ideia de chamar o local de Pilar.
- Pilão de Pedra e Madeira (onde socavam a carne para fazer a paçoca).
- Pilar (onde estivam a caça para o manejo da carne e do couro).
- Nossa Senhora do Pilar (Santa de devoção das famílias pioneiras).
Em 1815, Antonio de Almeida Leite adquiriu grande parte de sesmaria que se estendia além destes limites em direção ao rio Pinhal e rio Claro, cuja escritura pública foi lavrada em cartório. Foi casado com Maria Vieira de Santana e estabeleceram uma fazenda Agrícola, trazendo consigo muitos escravos, iniciando o processo de povoamento nos arredores da cidade. Tenente Antonio de Almeida Leite, ficou viúvo em 1843, não teve filhos e viveu na fazenda do Pilar até 1860, nessa época, com idade avançada, promoveu a venda de grande parte de suas terras para famílias mineiras para incentivar o povoamento na região, também distribuiu em testamento terras para seus escravos libertos, mudou-se para a área central da cidade.
Por volta de 1860, começa a chegada das famílias oriundas de São João Del Rey de Minas Gerais, as quais possivelmente vieram a convite do próprio Tenente Almeida, em especial as Famílias Ribeiro e Carvalho, dentre eles, estava João Batista Ribeiro, que além de explorador de sertões, era religioso, exercia funções de auxílio na comunidade, passou-se por médico, engenheiro, topógrafo e até parteiro. João Batista Ribeiro foi um grande incentivador ao lado do Tenente Almeida, na formação da Vila de Pilar
Em 1865 Tenente Almeida ergueu uma pequena capela em homenagem ao Bom Jesus do Bom Fim, o qual era devoto e em 1868 doou o terreno à Paróquia da Diocese de Sorocaba em homenagem à Bom Jesus do Bom Fim, fomentando a formação da Vila.
Tenente Almeida faleceu no dia 29 de julho de 1870. Antes de sua morte, o ele doou em testamento, parte de suas terras aos escravos, que posteriormente dividiram e venderam aos estranhos que aqui chegavam à busca de lavoura.
João Batista Ribeiro assume cadeira de Vereador da Villa de Nossa Senhora das Dores, do recém-formado município de Sarapuhy em 1873, inclusive ocupando cargo de intendente daquele município em 1875, representado dessa forma os interesses do povoado de Pilar, que nessa época havia sido anexado à Sarapuhy.
Em 11 de maio de 1877, através da Lei Providencial nº 57, João Batista Ribeiro, anunciava aos moradores que o povoado ganharia à categoria de Freguesia, com a denominação de
Freguesia de Nossa Senhora do Pilar, equivalente hoje a Distrito, subordinado ao município de Sarapuhy.
Em 1885 ocorre a chegada da Imagem do Padroeiro da Paróquia, Bom Jesus do Bom Fim, vindo da Bahia e abençoado em agosto.
Neste mesmo ano, também havia disputas de terras entre as cidades vizinhas que queriam incorporar terras de Pilar. Sarapuhy reivindicava os bairros do pinhal, Ponte Alta de Turvo, porém os próprios proprietários destas terras fizeram um abaixo assinado consolidando as terras como pertencentes a Pilar.
Em 28 de abril de 1888, o Bispo Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho confirmou a elevação de Paróquia Bom Jesus do Bom Fim. Em março de 1889, o Padre Vicente Gaudineri assume a Paróquia como sendo o primeiro vigário.
Através do decreto nº 168 de
12 de maio de 1891, o distrito de
Pilar foi elevado à categoria de Município, denominando-se
“Villa de Nossa Senhora do Pilar”, emancipando-se de Sarapuhy. No dia 30 do mesmo mês instalou-se uma intendência nomeando o Sr. João Batista Bertone como primeiro intendente (prefeito nomeado).
No Brasil colonial, devido a grande importância da Igreja católica e sua influência sobre nossa sociedade, a primeira preocupação dos habitantes de um povoado, quase sempre foi a construção de uma capela sob a invocação de um santo, que passa a ser o padroeiro da localidade. Ao redor da capela os habitantes constroem suas casas. Quando estes têm condições de manter um pároco (cura) a capela recebe a denominação de capela curada, equivalente a paróquia. A tributação (dizimo) exigida aos fiéis impõe a paróquia a delimitação de seu território. Seu raio de influência podia alcançar até centenas de quilômetros de distância. Os povoados com esse status chamavam-se freguesia. O povoado cresce e obtém autonomia político-administrativa, recebendo câmara, cadeia e pelourinho, os poderes legislativo e executivo de hoje. Ou seja, elevação à categoria de Vila, que hoje chamamos Município. (
Fonte: https://omochileiro.blog.br)
1895 - Término da Construção da Igreja Matriz
1900 - Em 25 de dezembro morre João Batista Ribeiro com 100 anos.
1912 - Começa a instalação de uma Usina Hidrelétrica para gerar energia para Pilar
O local onde foi construído pela Cianê, hoje é a cachoeira do bairro Turvinho.
1920 - Ocorre à primeira reforma da Igreja, pelo Pe. Caetano Jovino.
1925 - Estagnação de Pilar. Nessa época havia poucas residências e em épocas de chuva as estradas eram intransitáveis e os produtos cultivados na época nada valiam.
1928 - Mesmo sem o desenvolvimento aparente, neste ano, por intermédio de um funcionário da companhia de energia elétrica Ligth&Power, Robert Kerr, Pilar começava a receber energia elétrica.
1929 - Através de um projeto do então vereador Felisbino Murat, a municipalidade negociou junto a Paróquia Bom Jesus a compra da parte do terreno, hoje área central, para expansão da cidade. A compra dessa área foi formalizada em 26 de novembro junto ao Bispo Diocesano Dom José Carlos de Aguirrre.
1933 - Nesse ano o governo federal iniciou um importante obra viária que ligava São Paulo à Capão Bonito passando por Pilar. (Hoje rodovia SP-250).
1934 - Pilar perde sua autonomia-política para o município de Piedade. Este ato foi assinado pelo então interventor do estado Armando Sales de Oliveira.
1936 - Em cinco de novembro de 1936 Pilar reconquistou sua autonomia-política, retomando o desenvolvimento do município. Nessa luta para a emancipação política destacaram-se os deputados Diógenes Ribeiro de Lima e Elias Machado de Almeida e do próprio Armando de Oliveira Sales, neste ato como governador do estado.
- Fundação da Associação Atlética Pilarense
1937 - Em março desse ano, Eugênio Theodoro Sobrinho tomou posse como primeiro prefeito eleito. Nesse mesmo ano, a Câmara de Vereadores aprovou a lei que doava lotes a todos aqueles que quisessem construir prédios de qualquer natureza. Essa investida serviu para o desenvolvimento da cidade que até então tinha somente 137 prédios. Na década de 40 o número de casas da cidade já tinha triplicado.
- Ainda no mandato do prefeito Eugênio Theodoro Sobrinho iniciou-se as obras da construção da praça Cel. Fernando Prestes.
1941 - Inaugurado a Primeira Escola Estadual o “Grupo Escolar Padre Anchieta”.
1944 - O Município “Pilar” passou a ser chamado de “Pilar do Sul”, como forma de diferenciar-se dos demais municípios brasileiros que também possui o mesmo nome. Pilar (Paraíba); Pilar (Alagoas); Pilar (Goiás); Morro do Pilar (Minas Gerais); Coronel Pilar (Rio Grande do Sul).
Autor do Texto: Miguel Francisco Castanho Tavares
Fontes Consultadas: Site Memorial dos Municípios Paulistas, Espólio Tenente Almeida da Associação Quilombola de Pilar do Sul, Livro Genealogia de uma Cidade Pilar do Sul de José Luiz Nogueira e Livro Revista Pilar Nascente das Águas.